quinta-feira, 30 de abril de 2009

Liberdade de Expressão para jornalistas?


Quando se pensa em liberdade, logo algumas imagens parecem ocupar nossas mentes... A de um céu azul sem nuvens, pular de pára-quedas, voar. Creio que essa deveria ser a sensação quando se é jornalista. Pode dizer aquilo que "é preciso", sem medo de repressão - palavra do passado, que ainda hoje assombra não só os vizinhos, mas também nosso país - o país de "todos".



Não é apenas na Venezuela que presenciamos a censura fria e crua, que chega a fechar um canal de comunicação. Aqui também vemos comerciais de livros que criticam diretamente o governo serem tirados do ar, bem como reportagens de revistas, ditas "imparciais", totalmente direcionadas para um lado ou um partido. O que deveria parecer completamente estranho virou comum.

E essa realidade não está tão distante daqui. Ouço constantemente que os jornalistas sobrevivem por causa da publicidade que sustenta jornais e revistas e, por isso, tornaram-se escravos dela. Discordo plenamente desse tipo de comentário e creio que um bom jornalista não deveria estar tão exposto a ponto de virar escravo de outra profissão ou de outros interesses, até porque ser repórter ainda deve significar algo extraordinário, o êxtase da liberdade em uma profissão onde tudo o que está errado - principalmente no nosso país, e tratando-se de assunto políticos - deveria ser apontado sim e, o principal, sem medo.

Mas as pessoas têm medo. Os jornalistas têm medo. Então, o jornalismo toma outro rumo. Um rumo que quase se confunde com a publicidade, o de fazer um jornalismo de entretenimento. Que perde sua função social e passa a ter apenas caráter lúdico. Não muito bem aceito pelo público, que também sofre.

É ilusão achar que o jornalismo é apenas noticiar as coisas e os fatos. Quando uma marca muita famosa, como no caso do leite com água oxigenada, prejudica de tal forma a sociedade, mas anuncia em grande parte do veículo para o qual você escreve, fica complicado citar aquela empresa em um escândalo de porte tão grande, afinal, o veículo também tem seus interesses.

Não estou dizendo, é claro, que se escreve ao acaso, como me foi dito ao escrever esta coluna. Longe disso. Muito longe eu diria.

Ter caráter, ética e ainda ter "peito" para escrever o que se deve, não é para qualquer jornalista, mas para aqueles que realmente carregam dentro de si o espírito de quando iniciaram suas carreiras, o de "escrever sempre no bloquinho" tudo o que se viu ou ouviu, estar ligado 24 horas por dia, sem perder nenhum detalhe.

Neste Brasil, ainda creio que estejamos longe de escrever tudo o que se deve, tudo o que se sabe e tudo o que se ouve nos corredores por medo das sombras que ainda rondam a mídia.

Embora eu não tenha nenhuma experiência nesse quesito, sinto que os jornalistas aqui no Brasil ainda não cumprem o que de fato se dispuseram a fazer no princípio. A liberdade de expressão fica de fora aqui quando se trata de jornalismo.

Noticia-se aquilo que todo mundo já sabe... A corrupção, o mensalão. Mas não lemos nenhuma notícia que traga de fato uma verdadeira revolução para aqueles que estão acostumados apenas a ler por entretenimento, uma triste realidade da nossa sociedade.

Vivian Rodrigues Nakamura, estudante do curso de Jornalismo da Unifieo.

TEXTO EXTRAÍDO DA REVISTA UP! NÚMERO 9 - ANO 2.

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