Por: Allyne Pires
Mayombe, Pepetela - literatura africana |
“Há coisas que uma pessoa esconde, esconde, e que é difícil contar. Mas, quando se conta, pronto, tudo nos aparece mais claro e sentimo-nos livres. É bom conversar. Esse é dos tais problemas que pode destruir um indivíduo, se ele o guarda para si.” – Sem Medo
Típico livro em que você não espera nada. Talvez por fazer parte da lista de leitura
obrigatória para a FUVEST.
Provavelmente por não acreditar muito em Mayombe acabei por envolver com a história e gostar do modo da escrita de Pepetela, que ganhou o Prêmio Nacional Angolano de Literatura de 1980 com a obra.
O escritor africano retrata a guerra de libertação nacional com uma narrativa envolvente, focada não apenas na luta, mas, e principalmente, em cada guerrilheiro.
A narrativa em terceira pessoa, em certos momentos, confunde-se com a primeira pessoa. Além dos relatos de alguns guerrilheiros que complementam cada lado da história, seja com o que foi presenciado, suas opiniões sobre o fato, cultura ou exemplo de vida.
Uma das primeiras críticas ao Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), a obra expõe o racismo, a corrupção, o machismo vividos no Mayombe.
Com um misto de realismo e ficção, racismo e aceitação, traição e lealdade, a narrativa conduz o leitor até o final do livro na expectativa do que acontecerá com cada personagem e sobre a guerra em si.
O final é surpreendente com relação ao personagem que sempre afirmava pertencer à floresta.
“A partir daí compreendi que não são os golpes sofridos que doem, é o sentimento da derrota ou de que se foi covarde. Nunca mais fui capaz de fugir. Sempre quis ver até onde era capaz de dominar o medo.” – Sem Medo
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