segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Não verás país nenhum?

- Ô, Maria, vai buscar um balde de água lá embaixo pra nós!
 
- Tô indo homem.
 
Esta conversa poderia retratar um conto do passado, quando não havia água encanada nas casas e as pessoas precisavam ir até o poço mais próximo. As pessoas parecem querer viver o "retrô" até no quesito água. Querem mesmo?
 
O diálogo acima vem acontecendo com frequência desde o começo do ano, deste mesmo (2014). Já ouvi um monte de culpados. A culpa é de São Pedro; da empresa; da prefeitura; do governo, da presidência. Afinal, a culpa nunca é nossa.
 
Minha vizinha ficava quase uma hora no banho, todos os dias, e quando não tomava mais de um. Com essa falta de água no Cantareira pergunta se diminuiu o tempo. Se ela acha que ficar só 30 minutos ajuda em algo...
 
Na Sé, todos os dias a partir das 6h30 da manhã tem um caminhão que joga água para "limpar" o chão. Pode isso? Mesmo sendo de reuso? Infelizmente, um mau necessário. Ainda bem que é de reuso, imagina nos casos em que a água é boa. Vejo muita gente com mangueira aberta para limpar o carro, calçada ou outra coisa qualquer que poderia ser limpa de outra forma.
 
Será que é preciso a água bater na bunda para a pessoa acordar? Ou melhor dizendo: será que a pessoa vai precisar sentar no chão seco para perceber o que aconteceu?
 
Vejo alguém desperdiçando e só consigo pensar em uma coisa: olha o nível! Na EBC saiu uma notícia, em setembro, que o nível já estava a 10% no Sistema Cantareira
 
Temo que Ignácio de Loyola Brandão tenha sido um visionário ao escrever “Não verás país nenhum”. Se no livro a seca aconteceu por conta de experimentos nucleares, na vida real a seca acontece por falta de consciência do paulista, desde sempre, ao utilizar a água.
 
- Ô, João acabou as fichas para pegar água. O jeito vai ser beber urina reciclada.
 
- Sempre achei Loyola um louco, e agora somos todos Adelaide e Souza.

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