quinta-feira, 6 de março de 2014

Amar, verbo intransitivo (Mário de Andrade)

Foto/Arte: Allyne Pires
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é  servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos  corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
(Amor é fogo que arde sem se ver – Luís Vaz de Camões)


Eu não sei decifrar o que é o amor. Há tantas definições sobre o verbo amar, o substantivo amor, e tantas outras classificações grama
ticais que esse sentimento pertence. Mas será que realmente conseguimos decifrar essa palavra ou até mesmo esse sentimento?

O amor pode ser sentido, vivido de diferentes formas. Amor maternal, paternal, fraternal, familiar, amor de amigo, amor de amar. Os dois últimos são os mais difíceis de serem explicados. Você ama sua mãe, seu pai, tio, tia, primo, prima, sobrinho, sobrinha, irmão, porque eles assim o são, parece que faz parte da vida amá-los, mesmo que um pouquinho. Porém que explicação dar por amar outra pessoa que os caminhos das duas vidas decidiram se cruzar?

Convenhamos que amar não é fácil. Você aprende a amar alguém e ela, sem ou com explicação, te ilude, te fere. Segundos antes de escrever esta frase eu acreditava que esse amor “gasto” tivesse sido jogado fora, em vão, mas agora não acredito nisso. Nenhum amor é dispersado, hoje todos que me magoaram ainda sinto um amor por essa pessoa, ainda que mínimo. O afeto, a felicidade e o sentimento que elas me proporcionaram naquele momento ainda é lembrado e valeu a pena. “Tudo vale a pena se a alma não é pequena” (Mar português, Fernando Pessoa).

Nesses 22 anos eu amei muitas pessoas, ou melhor, continuo amando muitas pessoas apesar de ter diminuído meu sentimento. Há sete ou seis anos algo aconteceu que endureceu meu coração, não queria amar mais ninguém além da minha família ou simplesmente meus pais e meu cachorro recém chegado. Porém conheci alguém que me ensinou a amar de novo, aos poucos fez ressurgir, plantou a sementinha. E de cinco anos para cá aprendi a amar muitas pessoas, a maioria me decepcionou e ainda me decepciona, confesso.

Quase três anos atrás outra “coisa” invadiu meu ser e semeia e rega com água viva essa semente. Graças àquele que vive, ao Primeiro e Último, Alfa e Ômega eu estou aprendendo a amar ao próximo sem ter nada em troca.

Peço ao que semeia e rega com água viva que aquele que plantou a sementinha seja o príncipe da minha vida. Algumas pessoas acreditam que não passará nem da lua de mel, mas isso não é o que a água viva quer que aconteça então duvido que se torne real, pois se não for para ser nem para o altar Ele nos deixará ir.

Ele é a demonstração perfeita de amor, deu seu Filho, a nossa água viva, para nos tirar das trevas. E mesmo que continuamente a gente peque, Ele simplesmente nos ama. Não, não acho que seja um amor simples. Deve ser muito difícil ter esse amor Ágape (amor incondicional) que Ele sente por nós.

E ainda que eu possa colocar todas as descrições de poetas e até mesmo da Bíblia aqui, nada irá nos deixar verdadeiramente claro o que é o amor. E mais ainda esse amor que Ele tem por nós.


“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.” 1 Coríntios 13:1-13

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