Vista do prédio da Editora Abril na redação da Revista Veja. |
Texto e foto: Allyne Pires
Allyne, com dois eles e ípsilon com orgulho. Apesar de ter uma variedade grande para escolher um sobrenome, perdendo para D. Pedro
II, prefiro assinar como Allyne Pires. Antes que façam a pergunta, não, não vou tirar nenhum deles quando me casar. E meus filhos terão todos, mais o do pai. Pasmem.
Isso porque acredito que o sobrenome carrega muito mais do que letras e referências de pai e mãe. Para mim, a carga do sobrenome vem lá de trás. Meus antepassados, os primeiros Abreus, Erras, Morenos e Pires, tem uma importância na história, pelo menos na minha.
Se não fossem por eles, eu não estaria aqui hoje tentando passar um pouco do que sou, minhas escolhas e objetivos. Eu não teria meu DNA, a aparência que tenho e, quem sabe, o olhar que possuo sobre o mundo.
Por falar em mundo, sonho em um dia poder sair e conhecê-lo por além das palavras. Palavras que não me faziam por contente aos quatro anos em apenas ouvi-las pelo som das vozes dos meus pais. O incentivo veio do meu pai mesmo, sempre com um livro, revista ou até mesmo a bula, para ter algo para ler, nas mãos.
Queria poder lembrar como foi o momento da grande descoberta da leitura, assim como me recordo da noite, véspera da prova de matemática, que consegui compreender o que aqueles problemas queriam. Sou muito grata aos meus pais pelo incentivo a leitura, assim como agradeço as “tias” que fizeram parte da minha alfabetização. Se não tivesse existido a Marcela, a Regiane, a Luiza, Eliane e Thaís, provavelmente eu não teria aprendido a ler antes do tempo considerado normal e que particularmente acredito ser anormal. Acho estranho o tempo que a criança perde por começar a ler e escrever apenas com seis ou sete anos, quando possuem a oportunidade de tal fato. Mas não vou entrar na questão da educação, ou falta dela, do país.
Se não me lembro do momento exato que foi decifrar aquelas imagens chamadas de letras e que compunham palavras, me recordo de tão satisfeita ficava quando meus pais iam ao shopping e me deixavam na livraria. “Só não sai daqui, tá?”, mais tarde voltavam e eu contava a história ou histórias que tinha lido. Depois de grande eles me contaram que ficavam alguns minutos me observando de longe, no meio das estantes e livros que me tornavam tão pequena e tão grande ao mesmo tempo.
A paixão pela leitura, e pela escrita, fizeram minha professora de português da quinta série a plantar a sementinha de ser uma jornalista e não médica pediatra como queria. A semente vingou, e aos 12 anos já tinha a certeza do que seria quando crescesse. Muitos pensaram ser um sonho de criança, daqueles que são esquecidos ao passar do tempo. Aqui estou, uma década depois prestes a me formar e já tendo trabalhado na área, seja no meio acadêmico, pessoal ou, e principalmente, profissional.
Não sei dizer com toda a certeza o que regou aquela semente, mas sei o que quero fazer para que ela continue crescendo de forma saudável e forte. Podando quando preciso, adubando com cursos e vivências e aguando com muita força de vontade. Se aprendi algo no escotismo, além de nós e plantar árvores, é que só aprendemos fazendo e só conseguimos superar os desafios enfrentando eles.
Gosto de assessoria de imprensa, por onde já passei em três lugares como estagiária, mas também gosto do outro lado, a redação, e por isso anseio em ter essa vivência, de preferência em alguma revista semanal.
Todos me perguntam se um dia vou ser o William Bonner, respondo que esse não é meu desejo. Minha vontade, desde sempre, é ser colunista de um grande veículo.
Se tenho certeza da minha escolha e que não me arrependerei? Prefiro pensar do jeito que li um dia e não me recordo a fonte: toda escolha tem uma perda, mas prefiro pensar nos resultados que o caminho tomado irá me dar conforme eu for trilhando a jornada (a última parte é minha).
*Este texto foi um dos selecionados da 1ª fase do Curso Abril de Jornalismo, o resultado saiu em outubro de 2014. Não fui selecionado para fazer o curso, mas fiquei muito feliz por ter pelo menos ficado entre os 442 selecionados (de 3 mil inscritos). Infelizmente não lembro o título que dei para o texto.
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