sábado, 19 de maio de 2012

Entre olhares e sorrisos


                                                                                                Texto por: Allyne Pires
                                                                                                  Imagens: www.sxc.hu

Isabella sentava na primeira carteira, na terceira fileira da janela para a porta, todos os dias eram assim.

Bella, como gostava de ser chamada, ...

- Odeio quando me chamam de ISABELLA. Parece que vão dar Aquela bronca de mãe. Me chame de Bella. - assim que falava quando começava uma amizade ou o que julgava ser o início de uma.


... era tímida, quando tinha trabalho para ser apresentado na frente da turma preferia ficar com a menor parte. Principalmente porque no segundo ano do ensino médio todos se achavam bons o suficiente para falar mal dos trabalhos alheios e das pessoas também.

Adriano ficava na última carteira sempre, a fileira não importava muito. Apesar do fato de que era da “turma do fundão”, quando ia pra frente para apresentar trabalho tremia todo, mas acabava falando e só seus colegas podiam perceber seu nervosismo.

O motivo...

- Não gosto dela tá legal, isso são coisas da cabeça de vocês. Para de encher. – resposta pronta para o fim de cada apresentação, que aconteciam frequentemente.

Bella e Adriano mesmo sendo da mesma turma e tendo uma grande amiga em comum, nunca trocaram nem uma palavra. E se dependesse dos dois, isso continuaria do jeito que estava.

- Menino chato, não sei como é amiga dele. Bagunceiro, não presta atenção na aula e ainda se acha o melhor.

- Menina chata, não sei como é amiga dela. Se acha a “CDF” da sala só porque senta na frente da carteira do professor.

- Vocês não sabem o quanto possuem em comum. – é o que respondia para os dois.

Sempre que era possível Adriano dava um jeito de esbarrar na Bella e não pedia desculpas, só olhava do jeito de quem pede desculpas. Ela depois da quinta vez passou a bufar e sair andando.

 - E ainda por cima é mal-educado... – falava para sua amiga depois que estava longe.

Setembro tinha chegado e Ágatha fazia aniversário no mês seguinte, não era a mais popular da sala, mas conversava com todos.

- Não acredito que chamou ele, Ágatha?

- Bella, ele é meu melhor amigo assim como você. Se não for vou ficar chateada, para de besteira.

No dia da festa...

- Eu vim por você, porque se fosse pelos convidados não teria vindo.

- Bella, para de ser chata e aproveita. E coloca essa máscara, a festa não tem o nome “Baile de Máscaras” apenas para ficar bonito.

- Não sei por que não fez uma festa de 15 anos igual a todas as meninas.

- Justamente porque todas são iguais...

Bella não queria dar o braço a torcer, mas adorou a ideia da máscara. Por trás dela podia ser quem bem entendesse, tinha escolhido uma que aparecia apenas seus olhos e sua boca. Nem seus pais tinham reconhecido que era ela. Sua timidez ainda estava lá, porém bem menor.

Dançando, seus olhos encontraram um sorriso perfeito e, formando um trio, pares de olhos que brilhavam.

- São os olhos e o sorriso mais lindos que já vi. – pensou.

Percebeu que aqueles olhos também não saiam dos dela e nem de seu sorriso. Não se aproximaram. Ficaram apenas entre olhares e sorrisos.

- Bella, o que foi? Está tão avoada essa semana.

- Nada... Na verdade, na sua festa, tinha um cara com essa máscara e ele simplesmente tem o sorriso e os olhos mais lindo de todo o mundo. Sem exagero. Me fala, o que ele é seu? Eu sei que é da sua família, porque daqui da sala não é ninguém. – o desenho da máscara estava perfeito.

- Sim eu sei que é sem exagero. – e nunca respondia quem era.

Um ano se passou e Bella ainda lembrava-se daquele trio maravilhoso. O desenho que tinha feito da máscara ficava pendurado em seu quadro de avisos, em seu quarto, de frente para cama.

Para o último dia de aula e última vez que iriam estar no mesmo colégio juntos, os alunos decidiram fazer um amigo secreto. Bella tirou sua melhor amiga e ela, por sua vez, seu melhor amigo.

- Eu tirei a Bella. – disse Adriano.

Entregou o presente. E como mandava o roteiro, Bella abriu. Dentro, uma máscara.

Bella levantou seus olhos, que encontram um sorriso perfeito e, formando um trio, pares de olhos que brilhavam. Ela, incrédula, com que tinha acabado de perceber... ficou entre olhares e sorrisos.

2 comentários:

Felipe disse...

Oi momor...

Muito bom seu conto momor, você já passou por isso né, achou uma certa pessoa estranha e esta com ela até hoje...

TY amooo.

Andréa disse...

Lindo!!! Parabéns!