segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Basquete sobre rodas


O basquete em cadeira de rodas foi criado na década de 1930, na Inglaterra, pelo neurologista alemão Ludwig Guttmann, utilizado para auxiliar no processo de reabilitação dos acidentados de guerra. No ano de 1947 foi realizado o primeiro Stoke Mandeville Wheelchair Games. Em 1956 surge a Federação Internacional dos Jogos de Stock Mandeville que era composta por outras modalidades.
Nos Estados Unidos o esporte teve início no final da Segunda Guerra Mundial entre 1944 e 1952, quando os soldados americanos voltaram para suas cidades com vários tipos de mutilações e outras deficiências físicas.
Sérgio Del Grande trouxe a modalidade para o Brasil. Em 1951, ele sofreu um acidente durante uma partida de Futebol, e ficou paraplégico. Os médicos recomendaram que ele fosse para os Estados Unidos para tratamento, percebeu o quanto era dado valor para a prática esportiva associada ao processo de reabilitação. No final da década, Del Grande voltou para o Brasil, trazendo uma cadeira de rodas especial para a prática do basquete. Fundou o Clube dos Paraplégicos de São Paulo e procurou incentivar outras pessoas com deficiência a praticar a modalidade.
Em 1989 a modalidade recebeu o nome de IWBF-Internacional Wheelchair Basketball Federation.
As regras de basquete em cadeira de rodas são muitos parecidas com o basquete convencional, como o tempo de jogo, tamanho da quadra, número de jogadores, quantidade de faltas, técnica de arremesso, passe e finta.
Enquanto no basquete convencional após o jogador ter parado de driblar, ele só pode passar a bola ou arremessar; no basquete em cadeira de rodas após ter parado o drible, pode driblar novamente, porém não pode ser dado mais que dois toques no aro de propulsão sem quicar a bola.
Outra diferença que existe é que cada jogador possui uma pontuação que varia de 1,0 a 4,5 (1,0; 1,5; 2,0; 2,5 até 4,5). Essa pontuação é dada referente à condição do atleta, por exemplo, o mais comprometido tem 1,0 ponto e o menos comprometido 4,5.
Quando o atleta não tem movimento de tronco a cadeira tem que ser bem mais baixa e o encosto maior, tendo assim um apoio melhor do que aquele que possui movimentação (pontuação 1,0 ou 1,5). Já um atleta amputado tem sua pontuação 4,0 ou 4,5, além da cadeira ser mais alta e o encosto menor sua mobilidade, habilidade, velocidade e dinâmica de jogo é muito maior.
Avaliando cada jogador a comissão técnica tem que escolher “dedo a dedo” para formar uma equipe de 10 jogadores e tentar encaixar a pontuação. Ou seja, não adianta contratar 10 jogadores ponto 4,0 se só pode entrar com 14 pontos.
Rafael, técnico há oito anos de basquete, não esperava que fosse seguir para esse ramo da modalidade. “É um desafio novo, estou muito motivado. Gosto muito do que faço!” completa.
Sobre a modalidade diz: É um jogo bem dinâmico e muito mais estratégico do que do andante. O andante tem suas variações, mas aqui é um jogo meio que de xadrez, a peça é muito importante. Cada peça, cada pontuação de cada jogador é muito importante.
A equipe que Rafael está treinando atualmente é a Magic Hands, atual campeã brasileira da categoria no Campeonato Brasileiro que ocorreu em São José do Rio Preto, com participação de 10 equipes brasileiras. Esse ano o Campeonato será em Recife.
A Magic Hands é formada por jogadores experientes. Quatro atletas estão na atual seleção brasileira, alguns atletas disputaram a Paraolimpíadas de Atenas e de Pequim e um atual jogador está disputando o Pan de Guadalarrara, para trazer o Parapan-americano para o Brasil e se conseguir irá para Londres o ano que vem.
Na Virada Esportiva de São Paulo, desse ano, quem estava no SESC Belenzinho as 14hs do dia 17 de setembro pôde assistir uma partida dessa modalidade e após o jogo os visitantes puderam “sentir na pele” como é jogar basquete em cadeira de rodas. “Nossa eu já achava difícil jogar basquete normal, agora acho muito mais difícil em cadeira de rodas, além de ter coordenação para bater a bola você tem que ‘dirigir’ a cadeira. E a cesta fica muito mais longe, tem que ter muito mais força, dói muito o braço.” diz a visitante que participou da atividade.
O técnico Rafael também deu a dica para quem quer fazer parte da equipe. “Qualquer pessoa que possua uma deficiência física pode entrar em contato conosco através do e-mail que está no nosso site, www.add.org.br, é só mandar o e-mail para qualquer pessoa da diretoria ou do comercial. E quem quiser, além do basquete, temos escolinhas para criança, voleibol, entre outros. Um atleta que acabou de chegar, foi campeão Paratleaton na China, temos várias categorias.”

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